11.19.2013

Semibreve 2013

No último sábado, desloquei-me até Braga para assistir à segunda noite deste festival em ascenção, chamado Semibreve, que muito culto e curiosidade tem gerado em torno da cena mais underground no que toca à organização de concertos em Portugal, mais particularmente na zona norte do país. Notei uma grande e curiosa adesão (sala do teatro quase lotada), principalmente tendo em conta o estilo de música abordado que não toca particularmente às massas. Ainda hoje li por aí que “os Arcade Fire não são para as massas”, então o que dizer de Haxan Cloak? Deixem-nos lá estar no Rock in Rio, sejam os papás e as tias bem servidas da ligeira subida de média da qualidade musical do cartaz. Desde que nos continuem a ser presenteadas pérolas como os concertos que assisti no Semibreve, por uma módica quantia de 9 euros, não estou minimamente importado.

Um disco que passa a figurar no meu top 5 de 2013 após um magnífico concerto.
E foi mesmo com Haxan Cloak que a noite começou, e, mesmo tendo estado no Amplifest há umas semanas atrás, acho que não me lembro de ter assistido a um concerto com uma ambiência tão negra e intensamente depressiva. A única luz da sala incidia suavemente sobre a cabeça de Bobby Krlic, que não proferiu uma única palavra durante o concerto inteiro nem deixou que houvesse aplausos entre as músicas, num set de 50 minutos seguidos de noise e electrónica abstracta. Falam-me de bandas que não interagem com o público, eu acho isto toda uma nova maneira de interação, genialmente executada de maneira a que a assistência entrasse profundamente no mood temático do trabalho do músico, sem interrupções, sem que nos deixasse acordar ou distraír por momento algum. Tanto é que, no final, as luzes do teatro ligaram-se e parecia mesmo que tinha acordado às 8h da manhã para ir assistir à aula mais chata de sempre (inserir uma escolha aleatória de qualquer aula no meu horário). E foi assim que a surpresa do dia se formou, para depois a desilusão dos seguintes a actuar ser ainda maior.


Outro disco enorme num ano repleto deles.
Sim, porque eram os Forest Swords os que mais força faziam para que me mobilizasse ao Minho. Foi um concerto muito bom, atenção, mas estava a ser tão bom que o fim abrupto e precoce me fez ficar bastante desapontado. Quarenta minutos de concerto não é nada, e principalmente tendo álbum novo (que, curiosamente, foi uma miragem nas bancas de merchandising) podia muito bem ter sido feito um esforço para um concerto um pouco maior. Ainda assim, foi mesmo muito bom enquanto durou e não me arrependo nada da deslocação, principalmente porque Haxan Cloak foi absolutamente incrível. A setlist foi perfeita, apesar de curta, mas tocaram as minhas favoritas - a “Miarches” e a “Friend, You Will Never Learn” - e ainda houve espaço para algumas alterações em relação às versões de estúdio. É por tudo isto, por os Forest Swords serem uma das novas potências da música electrónica e fazerem música diferente e de qualidade, que queria bem mais. Foi pena e saí triste, mas convicto que, para o ano, o Semibreve é uma opção que vou considerar muito seriamente. 

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