Excuse 17 - Such friends are dangerous (1995)
Já andava
para investigar o movimento riot grrrl há imenso tempo, mas acho que sempre
tive um problema para arranjar uma banda que me cativasse a sério. Isto porque
adoro o movimento feminista, desde que com conta peso e medida, obviamente, e
até me considero um feminista desde que a minha primeira namorada me
influenciou a isso. E basta percorrer um dos meus blogues para perceber que me
identifico bastante com a filosofia estética mais relacionada, normalmente, com
a do sexo feminino. Mas limitar certos gostos a um sexo é um preconceito tão
grande e perigoso como os que habitavam no século passado, aspectos que motivaram
bandas como as Excuse 17 a existir e a lutar para que se mudassem mentalidades. Agora musicalmente falando, Such friends are dangerous situa-se entre o hardcore punk
dos anos 80 e o post-hardcore do final dos 90's, dando ainda um cheirinho em
alguma dissonância vinda do noise rock. É esta mistela de géneros, e o
claríssimo jeito para compôr, que as torna interessantes: tanto conseguem estar
a cantarolar uma cena meia pop típica do punk com a voz mais fofa, como a
seguir estão a berrar aos vossos ouvidos "I only fuck 'cause I know you're
gonna make me big". Sempre interessante e ear friendly ao mesmo tempo,
violento e lindíssimo. E em termos de guitarras conseguem ser geniais em vários
momentos de um disco que se mostrou bom de mais para ter cinquenta e poucas votações
no rateyourmusic.
8.4/10
Audrey - Visible Forms (2006)
Pouco
imaginava eu que uma pérola do post-rock tivesse saído em 2006, já que o mais interessante
do movimento remonta, na sua maioria, à década de 90. Fazendo uma comparação
sónica, imaginem a Cat Power a fazer post-rock. Soa-vos bem? Obviamente. E até
digo que me soa melhor que a própria Cat Power, pessoalmente falando. E
claramente que as Audrey soarão bem a muita gente, com este disco super bonito
e bem feito, sem clichés, quase a roçar no indie mas nunca, em segundo algum,
imitando nada em concreto. É muito matinal e outonesco, algo frio mas bastante
acolhedor. Faça-se ouvir a faixa introdutória Mecklenburg e que sirva de
incentivo à audição integral deste disco fenomenal.
8.6/10
Lisa Germano - Geek the girl (1994)
Depois de um
álbum de punk feminista e um de post-rock, passemos a um disco de folk/dream
pop cantado por mais uma menina. E não é por esta simplicidade de géneros que
este Geek the girl fica atrás dos outros, muito pelo contrário, como poderão
ver pela nota. Aqui está o meu mais recente vício auditivo, mais do que um
vício, uma veneração e um reconhecimento de genialidade. Porque não é só apenas
mais um álbum folk, bem longe disso, até. Mesmo sendo de 1994, impressionou-me
imenso a identidade vincada desta menina que consegue fazer as músicas mais
tristes da história e, ainda assim, manter-nos apaixonados pelas melodias
brilhantes, num trabalho exímio a nível instrumental. Mesmo que quisesse, não
conseguia destacar uma ou outra música, porque adoro todas, apesar de ter as
minhas favoritas. Mas essas são bem mais do que metade do álbum, o que é demonstrativo
da qualidade e consistência do registo. Venham mais álbuns destes, por favor.
9.3/10
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