11.25.2013

3 em 1 - #15


Excuse 17 - Such friends are dangerous (1995)


Já andava para investigar o movimento riot grrrl há imenso tempo, mas acho que sempre tive um problema para arranjar uma banda que me cativasse a sério. Isto porque adoro o movimento feminista, desde que com conta peso e medida, obviamente, e até me considero um feminista desde que a minha primeira namorada me influenciou a isso. E basta percorrer um dos meus blogues para perceber que me identifico bastante com a filosofia estética mais relacionada, normalmente, com a do sexo feminino. Mas limitar certos gostos a um sexo é um preconceito tão grande e perigoso como os que habitavam no século passado, aspectos que motivaram bandas como as Excuse 17 a existir e a lutar para que se mudassem mentalidades. Agora musicalmente falando, Such friends are dangerous situa-se entre o hardcore punk dos anos 80 e o post-hardcore do final dos 90's, dando ainda um cheirinho em alguma dissonância vinda do noise rock. É esta mistela de géneros, e o claríssimo jeito para compôr, que as torna interessantes: tanto conseguem estar a cantarolar uma cena meia pop típica do punk com a voz mais fofa, como a seguir estão a berrar aos vossos ouvidos "I only fuck 'cause I know you're gonna make me big". Sempre interessante e ear friendly ao mesmo tempo, violento e lindíssimo. E em termos de guitarras conseguem ser geniais em vários momentos de um disco que se mostrou bom de mais para ter cinquenta e poucas votações no rateyourmusic.


8.4/10



Audrey - Visible Forms (2006)

Pouco imaginava eu que uma pérola do post-rock tivesse saído em 2006, já que o mais interessante do movimento remonta, na sua maioria, à década de 90. Fazendo uma comparação sónica, imaginem a Cat Power a fazer post-rock. Soa-vos bem? Obviamente. E até digo que me soa melhor que a própria Cat Power, pessoalmente falando. E claramente que as Audrey soarão bem a muita gente, com este disco super bonito e bem feito, sem clichés, quase a roçar no indie mas nunca, em segundo algum, imitando nada em concreto. É muito matinal e outonesco, algo frio mas bastante acolhedor. Faça-se ouvir a faixa introdutória Mecklenburg e que sirva de incentivo à audição integral deste disco fenomenal.

8.6/10



Lisa Germano - Geek the girl (1994)

Depois de um álbum de punk feminista e um de post-rock, passemos a um disco de folk/dream pop cantado por mais uma menina. E não é por esta simplicidade de géneros que este Geek the girl fica atrás dos outros, muito pelo contrário, como poderão ver pela nota. Aqui está o meu mais recente vício auditivo, mais do que um vício, uma veneração e um reconhecimento de genialidade. Porque não é só apenas mais um álbum folk, bem longe disso, até. Mesmo sendo de 1994, impressionou-me imenso a identidade vincada desta menina que consegue fazer as músicas mais tristes da história e, ainda assim, manter-nos apaixonados pelas melodias brilhantes, num trabalho exímio a nível instrumental. Mesmo que quisesse, não conseguia destacar uma ou outra música, porque adoro todas, apesar de ter as minhas favoritas. Mas essas são bem mais do que metade do álbum, o que é demonstrativo da qualidade e consistência do registo. Venham mais álbuns destes, por favor.

9.3/10

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