Brainiac - Hissing Prigs in Static Couture (1996)
Esqueçam a
capa: eu sei que é das coisas mais pirosas, datadas e repelentes que já viram. Esqueçam
porque o conteúdo é exactamente o oposto. O cúmulo da coolness sonora, a
energia sempre muito presente e uma mistura de influencias que sempre achei que
fosse soar super bem, se alguém, que não eu, se lembrasse um dia de a fazer. Como
eu sou um forever alone e não tenho uma banda, tinha de haver algures uma banda
com este som, uma banda que afinal existe exactamente desde o ano em que nasci.
Alguém que
me conhece demasiado bem disse que este era um álbum que eu ia adorar e que
tinha todos os elementos que eu gosto na música. E tão verdade que era, à
primeira audição gostei logo imenso, não fosse a maior dor de barriga ter-me
atacado justamente nessa altura. Será a música assim tão boa que faz o gajo com
o gosto mais estranho borrar as calças? Acho que foi “obra” do acaso, mas do
acaso não foi a obra de o vocalista ter desaparecido prematuramente, como muitos
outros, mas desta vez foi um acontecimento injustamente esquecido e ignorado
pela grande maioria dos aficionados por música. Correm até rumores online que Jeff
Buckley era um grande fã e que até homenageou o vocalista depois do seu trágico
acidente de automóvel, ignorando inocentemente aquilo que no futuro lhe iria
também acontecer.
Mas não se
deixem enganar, Brainiac é o total oposto da música que o grande Jeff pintava.
Um Grace é super sentimental, bonito e triste. Este Hissing Prigs In Static
Couture é absolutamente avassalador do início ao fim, misturando o melhor dos
riffs angulares tão característicos do post-punk com o peso e energia de um
post-hardcore super denso e rápido, subtilmente rabiscados por traços de noise
dissonante mas que nunca soam mal. Isto é o disco que resultaria da mistura de
At The Drive-in (o próprio Cedric era fã e nota-se) e Gang of Four se tivessem
feito uma super banda nos anos 90, quando a dissonância, o lo-fi e o ruído
estavam na baila. Muitos dizem que são os primórdios de bandas como Klaxons,
mas, apesar de simpatizar com estes, não me vejo nessa opinião. Acho que é um
punk/rock mesmo muito bom, bastante dançável, super refrescante (mesmo em 2013) e
que soa incrivelmente bem tendo em conta todo o experimentalismo envolvido.
O teclado do
vocalista dá uma personalidade incrível à música destes senhores, mas acho que
a sua prestação vocal é das coisas mais cool que já ouvi. Eu que raramente ligo
a aspectos vocais, acho que este Tim Taylor faz a diferença numa banda que seria
excelente a nível instrumental por si só. É tão pena ter-se perdido este senhor
como foi pena o Buckley e o Kurt Cubain terem também morrido, deixando
projectos ultra promissores por resolver.
Nota: 8.7/10
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