3.08.2013

O Dia da Mulher é hoje

Sibylle Baier

O pessoal do
Música Sem Merdas é um claríssimo amante do sexo feminino. Gostamos e admiramos mesmo muito essa criação de Deus (sim, porque se as mulheres existem, Deus também existe) e decidimos, por isso, fazer um post em homenagem a essa espécie que, felizmente, está longe de estar em vias de extinção. É um pequeno texto que apresenta algumas das grandes mulheres do mundo da música, porque não há nada mais atraente do que uma mulher artista.

Sibylle Baier é a primeira vítima: uma artista com uma história peculiar. Imaginem que descobriam que a vossa mãe tinha escrito e gravado umas músicas e que até eram bastante fixes. Imaginem que tinham em casa uma potencial Nick Drake do sexo feminino, com uma guitarra que canta e uma voz que encanta, gravado com meios que não consigo imaginar (nos anos 70 era um bocado mais complicado ser músico de quarto). Sibylle Baier é isso tudo, e só ouvindo se percebem as maravilhas deste folk intimista e super bonito.

Cat Power

A muito conhecida e amada Cat Power pode estar a passar uma má fase da sua vida neste momento, mas nem assim a deixamos de admirar. Muito pelo seu excelente trabalho nos anos 90, onde as drogas certamente imperavam na sua vida, e onde a criatividade se situava no seu pico também. Moon Pix e Myra Lee são duas pérolas da folk intimista e sussurrada (como eu gosto) e merecem ser ouvidas por todos. Aproveito assim para falar também de Grouper, mais uma artista super inspiradora com o seu folk mais ambiental e também intimista, mas que se situa mais no lado contemplativo da coisa. Dragging a Dead Deer Up a Hill não é para todos, mas se música ambiental com paisagens bonitas/folk minimalista com uma voz tímida for a vossa cena, experimentem, mas saibam que se calhar estar com 100% de atenção pode não ser a melhor ideia. É um disco que sabe bem estar a ouvir em segundo plano, nisso nunca vos vai falhar.

E para mostrar que as girl-bands podem ser algo de bombástico, apresento-vos duas bandas impressionantes compostas por membros femininos. Falo de Afrirampo e das portuguesas Pega Monstro, duas bandas cheias de energia, vontade e jeito para a coisa. As Afrirampo costumam ser inseridas na cena avant-noise japonesa, ao lado de bandas como Melt Banana, Boredoms e Ruins. É música para homens com estômago e barba, feita por duas raparigas japonesas com o seu típico aspecto frágil mas igualmente psicótico. E isso nota-se na música, uma avalanche de energia, uma estrondeira inigualável. Metem imenso respeito. E as Pega Monstro não ficam muito atrás: acho-as uma referência na música nacional neste momento, mas é mais uma daquelas referências que ninguém quer saber. E cheira-me que assim vai permanecer se os ideais delas não forem corrompidos pelos estúdios e produtores que acham que percebem da cena. Deixem o B Fachada continuar a produzir os vossos discos e acho que estão no bom caminho, esse lo-fi barulhento faz todo o sentido no vosso som. Ninguém quer saber que ninguém queira saber.


Grimes

A Grimes e a Bat For Lashes são duas das artistas com mais potencial que conheço, mas infelizmente ainda só algumas músicas delas me conseguiram agarrar. São as duas super bonitas e com uma weirdness bastante atraente, tanto nos seus videoclips como em certos pormenores mais estranhos de vestuário e cenas. Podiam as duas ser grandes no meu coração, mas não são. Acho que ainda não souberam aproveitar o jeito que têm para a música, mas o potencial é inegável. Basta ouvirem a Oblivion e a Daniel e serem felizes. Neste grupo inseria também a Foxes, mas lol essa é só por ser boa, na verdade.

E porque os homens que querem ser mulheres também merecem, ficamos com Deux Filles. Um duo supostamente feminino, com um estilo musical muito próximo duma Grouper mais anos 80 (pelas ideias post-punk e pelo som meio britânico), onde o contemplativo e o relaxamento imperam, a calma minimalista e a delicadeza que soam femininas, as guitarras espaçadas e apagadas pelo pré-shoegaze que imperava no som da época. The Letter é uma verdadeira carta de amor: super bonita, simples e que nos faz sonhar. Só passadas umas audições é que soube que afinal eram dois gajos, mas isso são coisas que podem acontecer a qualquer um.

Joanna Newsom

Deixei para o final talvez aquelas que mais gosto e admiro. Falo de Joanna Newsom e Zola Jesus. Fazem tipos de música opostos: na primeira podemos ouvir contos de fadas cantados por uma autêntica fada, com uma sonoridade bastante feliz, cantada de uma forma estranha que entranha com o tempo e acompanhado pela mais bela das harpas. Esta rapariga parece mesmo ter saído de um livro de histórias para crianças, e a sua música é do mais adulto que podem encontrar. Cuidado com o choque inicial que a voz vos pode trazer e atentem bem nas capacidades musicais desta grande senhora. Quanto à Zola Jesus, como tinha dito, é o oposto musical da Joanna. Uma voz que parece amplificada pelo eco da mais escura das grutas, um autêntico vozeirão meio "operado" e super distinto, acompanhado pelo som menos polido e mais escuro de sempre. A música ideal para aquele estado de tristeza e de morrer para o mundo, uma profundidade sentimental imensa transcrita para música da melhor maneira possível. Aconselho vivamente o The Spoils, que é o disco onde esta rapariga russa melhor se apresenta.



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